Perdi minha mãe há três meses. Essa perda, para qual eu me preparei a vida inteira, não poderia ter vindo mais diferente do que tudo que eu imaginava. Minha mãe era uma mulher forte. Forte como ser humano, forte como mulher, como mãe, como esposa, como cristã. Forte na morte. Eu acreditava, lá no fundo, que ela jamais morreria. E não morreu, só mudou de lado. Além dessa força indescritível, ela nos deixou um calhamaço de cartas. Na verdade, essas cartas foram escritas para minha irmã que, por alguns anos, morou na Itália. Naquela época, só havia dois recursos: as cartas e o telefone (cujas ligações era bem caras). Então ela escrevia. E escrevia a hora que lhe dava na telha. E o mais legal é que ela escrevia assim como ela falava. Parecia que ela estava conversando pessoalmente com a filha amada. Além disso, uma grande particularidade é que as cartas eram escritas em qualquer papel. Podia ser numa folha de caderno, num papel de carta, num sulfite, não importava. Quando queria escrever,
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"Escrever é uma maldição que salva"! Esta frase não é minha, mas de Clarice Lispector.
Ela continua: "É Uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação.
Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador".
Em outro lugar ela escreve: "Às vezes tenho a impressão de que escrevo por simples curiosidade intensa. É que, ao escrever, eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente de coisas, das quais, sendo inconsciente, eu antes não sabia que sabia".
Li o começo de seu blog e me lembrei de Clarice. Acho que porque vocês tem coisas em comum. Ela escreveu: "Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos".
Não seria uma boa epígrafe para seu blog?
Beijos com carinho,
Renata